A
partir das leituras realizadas, reflexões e estudo aprofundado acerca de cada
deficiência proposta a cada disciplina durante o decorrer do curso, pude
perceber que todo texto nos leva a uma viagem em busca do real sentido em
relação ao nosso papel enquanto educadores e o quanto todos temos capacidade
para realizar algo, mesmo diante das nossas limitações. Voltando-se então para
essa visão, fica fácil entender que o primordial nesse trabalho é ressaltar as
potencialidades, deixando de lado tais limitações.
Portanto,
partindo do todo para as partes, precisamos salientar que uma pessoa com
deficiência tem, tanto quanto qualquer outra pessoa, um potencial que deve ser
estimulado, deixando de priorizar o que ela não pode ou não consegue fazer.
Partindo desse pressuposto, o
trabalho realizado no AEE é construído a partir das potencialidades do aluno
atendido, destacando a importância de se apontar o que a criança pode oferecer
diante daquilo que propomos como tarefa e não do que suas limitações a privam.
Desta forma, o professor do AEE deve elaborar atividades visando oferecer várias maneiras de
como o aluno vai executá-la para a obtenção do êxito. Para isso cada aluno deve
ter um plano de AEE individualizado que venha complementar e/ou suplementar a
formação do aluno respaldando-se em recursos específicos para que ele desenvolva
sua autonomia no contexto escolar e social.
O AEE é construído a partir do
estudo de caso de cada aluno atendido, partindo inicialmente do contato com a
família, de uma investigação para entender o processo de desenvolvimento da
criança para conhecê-la e, a partir daí estruturar o projeto de trabalho a ser
desenvolvido com a mesma. Além da família é importante estabelecer parcerias com
todos os envolvidos na vida cotidiana do aluno.
Para desenvolver o trabalho do
AEE é necessário que o professor não sinta preso a “modelos”, pois os casos não
homogêneos, pelo contrário, em uma sala de recursos funcionais, jamais
encontraremos dois casos iguais, podem até ser parecidos, mas idênticos,
jamais. Consequentemente, cada aluno terá uma forma de evolução, por este
motivo a necessidade de um plano de AEE individualizado.
E é isso que Ítalo Calvino propõe
em seu texto “O modelo dos modelos” dizendo que inicialmente seu Palomar acreditava
que por meio de modelos resolveria tudo, percebendo a partir de cada construção
que precisaria partir de vários modelos para realizar modificações e que estes eram
transformáveis.
A escola inclusiva
é aquela em que os alunos constroem o seu próprio conhecimento partindo de sua
capacidade e de suas potencialidades sem perder o direito de expressar suas idéias.
Que nessa escola os alunos não sejam vistos como especiais ou diferentes por
suas limitações e sim que todos se igualem apesar de suas diferenças. Para
tanto, para que isso se efetive na prática, principalmente no cotidiano
escolar, devemos eliminar a padronização de modelos, adotando a singularidade do
indivíduo como ponto de partida para um trabalho construtivo de fato.
Concluindo, é necessário entender
que o modelo citado por Ítalo Calvino como padrão e a homogeneização de moldes
em si devem ser destruídos em nossa prática diária, pois como Calvino mesmo diz
“ele se depara face a face com a realidade mal padronizável e não
homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas””.
A pessoa com
deficiência não é inferior aos seus pares, apenas apresenta um desenvolvimento
qualitativamente diferente e único [...] Uma criança que tem um defeito não é
necessariamente deficiente, estando seu grau de normalidade condicionado à
adaptação social. (Vygostsky in Marques 2000, p. 99)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ROPOLI, Edilene Aparecida [et.al.], A
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, v1, 2010.
GOMES, Adriana Leite Limaverde – Leitores com síndrome de Down: a voz que vem do coração/Adriana Leite Limaverde Gomes. – Fortaleza: Edições UFC, 2012. 160 p.
GOMES, Adriana Leite Limaverde – Leitores com síndrome de Down: a voz que vem do coração/Adriana Leite Limaverde Gomes. – Fortaleza: Edições UFC, 2012. 160 p.
CALVINO, Ítalo. O modelo dos modelos,
UFC, 2014.
Ítalo Calvino
Olá , Vânia. Excelente sua reflexão. Para que a inclusão aconteça de fato não é possível trabalhar com modelos padronizados. Cada ser humano é único e deve ser respeitado em sua individualidade.Nesse contexto cabe ao professor de AEE em articulação com os demais envolvidos elaborar um atendimento adequado a cada um. Abraços
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